quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Núcleo de Bento Gonçalves e o NAPPB Canoas


 Deficientes visuais de escolas da rede municipal de ensino terão a oportunidade de consultar livros com a ajuda da tecnologia MECDAISY, que permite a conversão de textos em áudio. O objetivo  é oferecer o programa para as escolas que possuem salas multifuncionais (espaço para atendimento de alunos com deficiência).  O programa garante a geração de livros falados e sua reprodução audível com facilidade de navegação pelo texto e a reprodução sincronizada dos trechos selecionados. No Rio Grande do Sul, existem três centros que atenderão a demanda do Estado. O NAPPB Canoas e o Núcleo de Bento Gonçalves serão responsáveis pelos municípios que possuem alunos com deficiência visual e baixa visão, matriculados na rede pública municipal. O Centro de Apoio Pedagógico (CAP/RS) atenderá a demanda das escolas estaduais. Bento Gonçalves está produzindo os livros de história do sexto ao nono ano sob o título: Tudo é História. O processo está bem avançado. Lançado pelo MEC, o Mec-Daisy é uma solução tecnológica que permitirá a produção de livros em formato digital acessível, no padrão Daisy. Desenvolvido por meio de parceria com o Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ) o Mec-Daisy possibilita a geração de livros digitais falados e sua reprodução em áudio, gravado ou sintetizado. 

 Fonte: Sueli Lovera Scotton - 
Secretária Municipal de Educação Bento Gonçalves - RS 

FORMATO DAISY
O formato DAISY (Digital Accessible Information System ou Sistema de Informação Digital Acessível) é um formato aberto, bseado em XML (Extended Markup Language), que é um subconjunto do W3Cm, gravado em mídia digital, normalmente CD ou arquivo. No DAISY, é possível a navegação dentro de uma estrutura sequencial e hierárquica do conteúdo do documento ou livro. O DAISY tem os benefícios do áudio-livro, porém, é superior, pois permite até seis (6) níveis de navegação dentro do texto. Com o Daisy, uma pessoa cega navega uma enciclopédia. Formato MECDAISY Alunos com deficiência visual, baixa visão ou cegueira terão acesso gratuito a qualquer livro ou documento a partir de uma nova tecnologia que transforma texto escrito em áudio. Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Ministério da Educação desenvolveu uma ferramenta de produção de livro digital falado. com base na tecnologia internacional, foi criada uma ferramenta adaptada às especificidades brasileiras, com narração de textos em português do Brasil, por exemplo. A tecnologia brasileira foi denominada de Mecdaisy e estará disponível gratuitamente no portal do MEC para qualquer interessado. A ferramenta confere autonomia à pessoa com deficiência visual, ao permitir acesso a qualquer tipo de informação escrita disponível para leitura no computador. A tecnologia Mecdaisy permite que o usuário leia qualquer texto, a partir de narração em áudio ou adaptação em caracteres ampliados, além de oferecer opção de impressão em braille, tudo a um só tempo. Além disso, a tecnologia oferece recursos de navegabilidade muito simples. A partir de movimentos de teclas de atalhos ou do mouse, o leitor pode fazer anotações e marcações no texto, avançar e recuar na leitura etc. Os livros produzidos pelos centros integrarão o Acervo Digital Acessível, um espaço virtual criado pela Universidade de Brasília (UnB) que estará disponível na portal do MEC para que qualquer interessado acesse as obras. Com a medida, o ministério amplia o apoio aos sistemas de ensino para tornar disponíveis recursos de tecnologia assistiva nas escolas e cumpre o disposto no artigo 58 do Decreto nº 5.296/2004, que estabelece: “O poder público adotará mecanismos de incentivo para tornar disponíveis em meio magnético, em formato de texto, as obras publicadas no país”. 


Fonte : Portal do Ministério da Educação

terça-feira, 8 de novembro de 2011


Minha aluna poeta, Ines Helena, utiliza o dosvox para produzir e escrever suas poesias.


Indagações Momentâneas
Após uma noite intranqüila e agitada, as horas se arrastando, enfim
amanhece.
Levanto subitamente e me detenho em frente à vidraça.
Turbilhões de pensamentos desfilam em minha mente.
A paisagem nada animadora. A chuva forte, lá fora caía.
O vento assovia uma cantiga triste. No céu, ao comando do vento,
nuvens dirigem-se a local desconhecido.
Pensamentos começam a tomar forma. O que faz uma pessoa, na falta
dos membros inferiores, substituí-los pelos membros superiores, não se
importando com a troca?
O que faz uma pessoa cega não se importar com a escuridão física,
subindo montanhas, desafiando os próprios limites? O que faz uma pessoa
surda, no eterno silêncio, usar os olhos para ler nos lábios do próximo,
o que lhe é dito?
Existem preconceitos, obstáculos e barreiras intransponíveis que a
força de vontade supera.
Estas são algumas indagações que no momento, encontram-se sem
respostas, mas almejo que brevemente sejam decifradas.
Itchi

segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Esta é minha aluna Juliana, cega (prematuridade) o texto de sua autoria foi elaborado no word utilizando o Jawss. O texto relata o ponto de vista de um cego sobre as questões cotidianas como sonho, cores, fotos.... Pode-se perceber que a Juliana tem bastante desenvoltura na utilização do editor de texto e nas idéias expostas aqui por ela.

                                     Nós, as cores e os sonho

 Juliana Grando Peixoto


    Muitas pessoas imaginam que os cegos, por não terem a visão, também não sonham quando dormem. Isso não é verdade. As pessoas que nunca enxergaram e que por isso não tem nenhuma memória visual também podem sonhar, como aquelas que já enxergaram na vida. Quem nunca enxergou sonha com as experiências que vive, igualzinho a qualquer pessoa, com algumas diferenças que nem são tão distantes de quem tem visão. Os cegos de nascença sonham com sensações, cheiros, lugares, sonham e lembram de coisas que viram pelo toque e por tudo o que possam sentir só sem a  visão. Sonham até com pessoas que nunca viram e as imagens que criam são partindo daquilo que eles consequem captar das pessoas com as quais convivem. As imagens não são só visuais, podem ser cheiros, sensações de bem-estar, de insegurança, de medo, ansiedade e muitas outras. As experiências são as mesmas, com a diferença que não tem a imagem física,mas existe tantas outras coisas que dão suporte para a criação de imagens. A beleza e o conceito de bonito e feio vai se construindo à medida que o cego vai convivendo com determinada pessoa, então podemos dizer que a beleza vai muito além dos olhos e do externo e ultrapassa as barreiras daquilo que, geralmente, se vê em primeiro lugar.

   Para o cego é o contrário, a observação parte de um olhar mais voltado para as características e o que aquela pessoa transmite para o deficientevisual. Com o tempo o cego vai criando a sua própria imagem daquela pessoa e pode dizer o que sente dela, criando assim uma imagem de beleza muito particular. Mas, isso não significa que os cegos não dão importância para as características físicas... Dependendo da cultura e de toda a bagagem que carregaram durante a vida, do que as pessoas falam ao seu redor, o cego de nascença adquire um conceito próprio e sabe o que quer, sabe o que gosta e valoriza sim as características físicas.

   Nisso tudo também podemos pensar nas cores. Muitas pessoas acreditam que, para o cego as cores não tem importância, principalmente para quem nunca enxergou. Isso não é verdade. As pessoas cegas, mesmo sem enxergarem cores, podem sentir emoções e representá-las mentalmente conforme tudo o que ouvem e o que aprenderam com os que possuem visão.

    Com o tempo, os cegos associam as cores às coisas ao seu redor, como,por exemplo, azul da cor do céu, verde da cor da grama... Eles precisam adquirir conceitos de que existem cores escuras e cores claras e quais as cores que combinam para poder ter autonomia com suas roupas. Todos os cegos que são reabilitados se vestem sozinhos e aprendem a combinar suas roupas com segurança. Não se importe de falar em cores para um cego,você vai ver que mesmo não enxergando eles tem uma representação mental

delas e ao longo do tempo isso vai ficando cada vez mais concreto. É claro que nunca um cego poderá visualizar uma cor, mas pode se aproximar muito de seu conceito e com a bagagem que carrega de aprendizado delas,carrega também o sentimento associado a cada uma, dependendo da cultura,da família, daquilo que vivencia. Pessoas cegas,  mesmo nunca enxergando, podem preferir cores claras, enquanto outras, podem preferir cores escuras, porque isso remete a elas sentimentos e trazem lembranças. O rosa pode ser feio para alguém e maravilhoso para outros...

    Existem até cegos que pintam a bengala de rosa porque seidentificam com essa cor e porque, adquiriu ao longo do tempo, o conceito de rosa, muito particular em sua mente. Assim como a bolsa ou um sapato novo é um acessório importante, a bengala também faz parte da vida do cego como algo fundamental e deve ser cuidada. Algumas pessoas até passam perfume na bengala para que ela tenha um significado ainda mais bonito e particular para ele.                  Curioso também é a fotografia para os cegos. Muitos acreditam que uma foto não tem importância para um cego,porque ele não poderá vê-la, porém isso não é verdade... Uma foto, assim é para quem enxerga também, representa muito mais do que uma imagem,representa a lembrança daquele lugar, daquela pessoa, traz sensações e sentimentos. Um cego também tira fotos e muitos tem até máquinas que levam sempre em passeios e pedem pra pessoas videntes tirarem fotos para que eles possam guardar.       Nesse caso, quando um cego vai ter contato com uma foto que nunca tenha visto antes, é muito importante a descrição de quem enxerga, é a descrição muito bem feita que fará a diferença para ele, assim, uma descrição também é algo que precisa ser muito particular e cada um vai imaginar e sentir do seu jeito. Por isso, fale de cores,fale de imagens, fale de fotos para um cego, isso faz parte de sua vida como faz parte da vida de qualquer pessoa.